quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Parte II - Desflorestação e aumento do preço dos alimentos



Embora também tragam enormes benefícios para um país, para alguns, os biocombustíveis causam problemas muitas vezes irreparáveis - e esse fato não pode ser negado. A monocultura de biomassa, em detrimento da cultura de alimentos, avançaria com mínimos impedimentos tanto para matas nativas, levando à deflorestação, como a pequenas propriedades que abastecem os mercados locais com alimentos. A segurança alimentar está gradualmente se transformando numa questão preocupante: as reservas mundiais de cereais não se encontravam tão baixas há 30 anos, como se encontram agora. Com o avanço da fronteira agrícola e da monocultura, certamente será atingida uma situação de desflorestação e, consequentemente, de extinção de espécies. E os países que mais sofrerão com esta crise alimentar e ambiental serão os que têm maior carência, os países subdesenvolvidos.

A demanda de terras aráveis para culturas energéticas, se quer-se que esta substitua os combustíveis fósseis, é inatingível. Um relatório técnico da União Europeia de 2004, por exemplo, mostrou que a meta de 5,75 por cento de substituição dos combustíveis fósseis exigirá de 14% a 19% de novas terras para as monoculturas. A Europa, porém, não dispõe de tal território: apenas 12% de seu território é de terra agrícola. Não restariam terras de conservação ambiental. Se os Estados Unidos decidissem aderir à substituição total dos combustíveis fósseis pelos biocombustíveis, para todo o processo de produção e distribuição, seria necessário 121% de toda a terra arável do país. Apenas assim os EUA conseguiriam substituir o consumo anual de combustíveis fósseis internamente.

40% do solo do planeta já são utilizados para a agropecuária. A demanda mundial por solos para cultivo de alimentos é, portanto, enorme. Imagine então para as culturas energéticas.

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